Teu povo te quer de volta, Belém!

Belém, por Sérgio Bastos

Belém, por Sérgio Bastos


Ainda te chamam de menina morena, mesmo prestes a te tornares quatrocentona.

Mas há de se perguntar, às vésperas do teu quartocentenário:
Será que tá tudo bem, Belém?

Em tuas ruas, além das sombras das frondosas mangueiras a amenizar o calor, recrudesce, dia e noite, o sombrio abandono das tuas crianças.
Em tua atmosfera, o cheira-cheira do tacacá e o delicioso aroma das tuas frutas concorrem com o lixo que não suportamos cheirar.

Em tuas escolas, onde o presente é de esquecimento, educadores e estudantes te imploram pelo futuro.

Teus filhos e filhas, largados à própria dor, nos corredores e no chão das unidades de saúde, sem remédio para aliviar os males, sem tratamento e atenção, reclamam teu colo de mãe.

Teu povo te quer de volta, Belém!

Teu povo te quer liberta do abandono do maltrato.

Teu povo, amável e hospitaleiro, lutador e insubmisso, te quer de volta!

Belém, Belém, que todas as manhãs acorda a feira na beira do Guajará, eis aqui o teu povo desperto e ávido para saciar os murmúrios de saudades que há muito latejam no peito.

Saudades da nossa Belém cheirosa e formosa.

Saudades da nossa Belém que abraçava e acolhia o seu povo e por este era abraçada e acolhida.

És, Belém, nossa bandeira.

És, Belém, nossa terra, nossa casa, nosso chão.

E é por ti, Belém, que conclamamos o teu povo à luta.

É por ti, Belém, que conclamamos o teu povo a um esforço que não cabe num único segmento da sociedade, ou numa única pessoa, ou num único partido.

E a que luta e esforço nos referimos?

A luta e o esforço para devolver Belém ao seu povo; para devolver o povo à sua cidade; para devolver à Belém e ao seu povo o direito a um presente e a um futuro de justiça e felicidade.

Mas se essa luta e esse esforço não cabem num único segmento social, ou numa única pessoa, ou num único partido, cabem muito menos aos que usurparam as riquezas da nossa cidade e sequestraram a esperança de seu povo.

Essa luta e esse esforço são dos que fazem da busca por justiça e felicidade coletivas, a razão de ser dos eleitos e a única razão ética que justifica os governos.

O governo de Belém a ser eleito para o próximo quadriênio (2013 a 2016) será o governo dos 400 anos.

Façamos valer o dito popular segundo o qual cada povo tem o governo que merece.

E que governo o povo de Belém merece em seus 400 anos?

O que merecemos, e queremos, é um governo que governa com participação e controle social; que cuida de suas crianças e idosos; que preza e pratica a solidariedade; que governa com transparência; que não usurpa, malversa ou dilapida o bem público; que busca obstinadamente a justiça e a felicidade para todos; que mira o futuro sem descuidar-se do presente de seus filhos e filhas, naturais e adotivos.

O povo de Belém quer de volta o direito a um presente e a um futuro dignos. Quer de volta o direito de sonhar, pois já o provou, não faz muito tempo, e não esquece o gosto.

Este manifesto, mais do que uma declaração de amor por Belém, é o ato inaugural de um movimento cívico no qual o povo de Belém é o protagonista.

O segundo, de tantos outros atos que se seguirão, consistirá na realização de um grande seminário, no dia .17/04, às. 14 horas, no Hotel Sagres, que será um espaço reflexivo e propositivo sobre os problemas, soluções e desafios da nossa cidade, em seus 400 anos.

Com fé no que virá, exortamos homens e mulheres, jovens e idosos, trabalhadores, empresários, estudantes, enfim, todos e todas, a aderirem a esse movimento cívico que haverá de devolver Belém ao seu povo.

03 de Abril de 2012

Adilson Alcântara – Músico, cantor e compositor
Adma Lopes – Arquiteta e Urbanista
Alan Kardec Guimarães – Documentarista
Alba Maria – Cantora e compositora
Alice Rodrigues – Arquiteta e professora da Unama
Ana Conceição – Professora UEPA
Ana Helfer – Enfermeira Sanitarista/Epidemiologista
Ana Tancredi – Prof. Doutora; Diretora ICED/UFPa
Celeste Medeiros – Professora UFPa
Celita Maria Paes de Souza – Dra. Educação/UFPA
Charles Alcantara – Pres. SINDIFISCO
Cleoson Oliveira – Presidente do conselho das torcidas organizadas do Remo
Cristina Donza Cancela – Prof. Dra. Historiadora/UFPA
Dalci Cardoso da Silva, cidadão de Belém, psicólogo, trabalhador do Ver-o-Pêso
Davi Bichara – Médico e ex-Pres. Sociedade Médico-Cirúrgica
Davina Bernadete Oliveira – Arquiteta e urbanista
Eduardo Paseto Lopes – Arquiteto
Elizabeth Almeida – Arquiteta
Emilio Moreira Kabá, Indígena Munduruku, fundador Assoc dos
Everardo Lopes – Movimento Sou da Paz
Francisco Afonso Lima de Vasconcelos (Chico Vaz) – ONG Arte pela Vida
Francisco Mesquita – Médico infectologista
Genival Carvalho – Educador Popular
Glória Rocha – Professora UEPA
Guilherme Carvaho – Educador Popular/FASE
Helena Correa – Professora UFPa
Ieié Porto – Diretora de teatro/Casa da Atriz
Ima Vieira – Pesquisadora do Museu Paraense Emílo Goeldi
Januário Guedes – Mestre em Comunicação/Documentarista
Joana Valente Santana – Profa da UFPa/FSS, doutora em Serviço Social
João Carlos Ribeiro Cruz – Prof. Doutor Geofísica/UFPA
João Gomes – Educador Popular/FASE
João Márcio – Prof. Doutor Geografia, Diretor do IFCH/UFPA
José Ackel Fares Filho – Arquiteto e urbanista, professor da Unama
José de Andrade Raiol – Arquiteto e urbanista, professor da FACI
Jurandir Santos de Novaes – Economista, doutorando Geografia Humana/USP
Karla Ataíde – Militante do grupo Vegetarianos em Movimento pelos direitos animais.
Kátia Furtado – Presidente da AFBEPA
Laélia Brito – ONG Olhar Futuro para Amazônia
Luciene Medeiros – Professora Doutora em Educação/ ICED/UFPA
Lucilia da Silva Matos – Professora doutora/ ICED/UFPA
Manfredo Ximenes – Geólogo
Marcel Hazeu – Pesquisador e educador social
Marco Moraes – Empresario e ex presidente da Tuna
Marga Rothe – Pastora luterana, militante de Direitos Humanos
Maria Elvira – Profa Doutora em Serviço Social – UFPa
Maria Goretti Tavares – Professora da UFPA, Doutora em Geografia Humana
Mário Sérgio Angelim – Movimento Popular
Marize Rolim Duarte – Professora doutora em Educação/UEPA
Markinho – Músico, vocalista
Maurício Bezerra – Médico, Cirurgião Vascular
Mirla Prado – Estilista e empresária
Nazareno Tourinho – poeta, dramaturgo, escritor/membro da APL
Olgaíses Maués – Prof. Doutora em Educação – UFPa
Orlando Vieira – Professor de Música/ UFPa
Oswaldo Coelho – Advogado/Ouvidor Geral da OAB-PA
Pedrinho Callado – Músico, cantor e compositor
Raimundo Nonato – Arquiteto e ex-presidente do Sindicato dos Arquitetos do Pará
Rodrigo Macedo Lopes – Arquiteto e Urbanista
Romero Ximenes Pontes – Professor e Mestre em Antropologia/UFPA
Rui Paiva – Advogado, professor e músico
Ruth Granhem Tavares – Professora Doutora Química/UFRA
Sandra Helena Ribeiro Cruz – Professora Mestre Serviço Social – ICSA/UFPA
Saint-Clair Cordeiro Trindade – Professor da UFPa/NAEA, Doutor em Geografia Humana
Sergio Bastos – Ilustrador
Stélio Santa Rosa – Arquiteto e Pres Conselho Regional de Arquitetura
Suzana Salgueiro – Médica
Vera Jacob Chaves – Professora Doutora em Educação/ ICED/UFPA
Walter Amoras – Médico Sanitarista

Uma resposta

  1. Chocados com o abandono da cidade é que um grupo de fazedores de cultura (de teatro, dança, circo, pássaro, djs, músicos, capoeiras, livro, etc) arregaçou as mangas na busca de valorizar as manifestações artísticas e culturais de Belém.

    A cidade sem biblioteca nos bairros, escolas fechadas para ensaios de quadrilheiros (e eles tendo que ir pra rua, correr riscos), os artistas cênicos impedidos de trabalhar nas ruas, praças abandonadas ao tráfico e à violência, cada vez menos tacacazeiras nas esquinas etc, etc, etc E artistas e fazedores de cultura vivendo (e morrendo) na precariedade.

    Ou seja, a fome e a vontade de comer diante de um prato farto, em vias de apodrecimento e com moscas à espreita. A fome é impedida de chegar no prato, mas as moscas não.

    Não é que fomentar a arte e as culturas, preservar a memória cultural, permitir acesso às manifestações gera pertencimento, reconhecimento, estimula a auto estima, promove a convivência lúdica e um novo olhar para a cidade, melhora a saúde e instiga a inteligência crítica, gera renda pra população???

    Por isso elaboramos o Projeto de Lei (PL) do Sistema Municipal de Cultura. O prefeito e nem o Presidente da Fundação Cultural de Belém estiveram dispostos a protocolar na Câmara de Vereadores. Nós estamos dispostos e a cidade necessitada.

    O PL será então protocolada como uma Lei de Iniciativa Popular. Para isso é preciso coletar 50 mil assinaturas de eleitores de Belém. (repito: 50 mil assinaturas de Eleitores de Belém).

    São movimentos que se completam, por que não se juntam??

    Hoje tem uma nova reunião na UNIPOP (Av.Senador Lemos, próximo à pça.Brasil), as 14h. É só chegar.

  2. Assino em baixo, Belém esta entregue e sem resistência a um governo omisso com seu povo e corrupto, faço ainda um chamado, para se juntarem a nós que estamos organizando a Marcha Nacional Contra a Corrupção que vai ocorrer em Belém também, dia 21 de abril as 9 horas concentração na praça da republica, seguiremos até a ALEPA.

    A próxima reunião da organização acontecerá dia 09 de abril no SINASEFE 12:30. Todos estão convidados.

    Atenciosamente,
    Thiago Bessa

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